Mais um texto ótimo do Ruy Castro, retirado do site do jornal Diário da Manhã, de Goiânia.
Meu gato Fu Manchu, 6 anos, baixou hospital na semana passada. O que parecia uma infecção urinária revelou-se uma obstrução na uretra, provocada por cálculos na bexiga – cinco cristais intrometidos, que se alojaram ali para provocar agonia e dor. De repente, foi preciso operar. Durante alguns dias, fiquei privado de uma companhia que sempre me confortou, por amorosa e alerta.
Tanto em casa como na clínica felina onde o internamos, em Botafogo, pude sentir a entrega dos profissionais que o cuidaram. Já passei por muitos gatos e veterinários, e sempre achei que a relação entre eles era especial. Como, por deficiência humana, não somos capazes de dialogar com os gatos e perguntar sobre seus sintomas, o veterinário precisa de mais que ciência e sensibilidade para chegar ao problema e à solução.
Precisa, por exemplo, de humildade, para estar ali a tratar de um ser que, pelos padrões estabelecidos pelo homem, não pertence à escala superior deste mesmo homem. No entanto, o que se coloca em suas mãos, na mesa de cirurgia, é uma vida tão preciosa como qualquer outra _e que é cara aos que cuidam ou se deixam cuidar por ela. Sempre que entreguei um gato a um veterinário, torci para que este fosse o melhor ser humano que eu poderia ter escolhido naquele momento.
Daí que o trote selvagem aplicado há uma semana pelos veteranos de uma escola de veterinária em Leme, SP, num calouro – chutes, chicotadas, intoxicação alcoólica e ser lambuzado com fezes e com animais em decomposição – levou-me a pensar melhor nas relações entre humanos e animais. Fez-me perguntar: “Quem são os animais?”
Gostaria de saber os nomes daqueles futuros veterinários – para, nem por acaso, um dia, deixar um de meus gatos ao alcance de sua ferocidade.
Ruy Castro
é jornalista e escritor
5 comentários:
Nice, bom dia!!! Eu também morro de medo e de vergonha por o ser humano ser deste jeito. Que selvageria! Imagine o que eles farão com os animais que não podem falar!!! Credo! Beijos! E ótima semana!
É simplesmente humilhante. Dá medo saber que esses seres podem ter vidas em suas mãos.
Bjo!
minha amiga
eu acho trotes em faculdade a coisa mais nojenta que existe. o ser humano ultrapasou os limites da insanidade mental. e cada dia que passa eu gosto mais e mais dos meus gatos.
com relaçao ao frajola....bom...vc é gateira e entende....cada coisa que um deles apresenta...um pedacinho de mim vai embora....eu tenho 13...entao da pra vc ter uma ideia....
um beijo e obrigada pela força
Flavia
Oi, Nice!
Casa Vazia ainda não vi, mas vou procurar me informar.
O link com a sinopse de Dolls é http://www.travessa.com.br/DOLLS/artigo/b6eb57cc-7769-4ba2-bea5-01e0783e32fd. Mesmo que o filme fosse ruim, só as imagens já valeriam a pena...
Um outro muito bom é Samsara, sobre um homem que fica em dúvida sobre viver com sua mulher ou buscar a iluminação. O link desse é http://www.travessa.com.br/SAMSARA/artigo/7ff70cd5-d8d0-4753-b296-0859344b8a41
Nossas conversas cinematográficas ainda vão render...
Bjo!
Oi Nice, acho que as pessoas de um modo geral estam perdendo a sensibilidade com as criaturas de Deus. Tivemos a sorte de encontrar um Tio de branco com humildade suficiente para pedir aconselhamento a outros mais experientes. Bjs
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