quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009 chegou !

Meus amigos blogueiros,
gostaria de desejar a vocês um lindo ano de 2009. Que este nosso mundo possa ir melhorando um pouco. Recebi um e-mail de uma protetora, que tem um blog lindo chamado Reino Gato. Não pedi autorização, mas acredito que ela não ficará brava se eu dividir com vocês a belíssima mensagem, que ajuda a refletir muito. Aproveito e convido vocês a visitar o Reino Gato.

"Todos sabemos como é difícil fazer este trabalho voluntário em prol dos animais, custoso, doloroso e até mesmo discriminado: quem cuida de bicho é louco, é dondoca, é obeso (!), é desempregado, é de esquerda (!), é solteirona, é velhoca, não gosta de gente, é inútil, solitário, sem vida social...

Quantas vezes me peguei explicando ou me justificando sobre minha atuação no voluntariado, como se devesse alguma desculpa ou explicação por escolher este caminho, como se me diminuísse diante daquele olhar incrédulo em minha frente. Somos encarados como lixeiros: insisitimos em recolher o que muitos insistem em descartar. O lixo? Seres que sofrem, amam, sentem frio, dor, medo, fome e sede, mas continuam sendo tratados como objetos que quebraram e não têm mais serventia.

Felizmente hoje, mesmo ainda sendo jovem e fazendo isso há bem menos tempo que muita gente boa aí no meio, não ligo mais para estes estereótipos, e mais: posso dizer com orgulho, não só falando de mim, mas de muitos que conheci nesta jornada, que é pelo contrário: quem faz isso é cheio de afazeres, estuda, trabalha, tem família, canta e dança, é intelectual, é viajado, é cheio de idéias e vivacidade, é festeiro, tem família, é bonito, tem uma luz especial e brilho nos olhos, namora, casa, descasa, faz concurso, fala línguas, vota, briga, ama, seduz, chora, volta a sorrir.

Mas, principalmente, quem gosta de bicho parece estar mais ciente da sua presença nesta Terra e começa a evoluir a ponto de não mais se considerar, por sua simples condição de humano, um ser supremo, superior e com direitos divinos de destruir tudo o mais a seu redor. Começam a ver que não existe uma hierarquia na vida. Animais não estão aqui para nos servir, nem como entretenimento, nem como comida, nem como vestimenta, nem como cobaia. Fico muito feliz em ver muitas pessoas despertando este lado também, não só do amor, mas do RESPEITO.
Mas se jogam fora até criança, o que esperar destes descartadores? Ah, essa é uma questão delicada e sempre questionada: porque não ajudam as criancinhas? Para esse ponto, tem um texto bem legal na internet, procurem no google: "criança não é cachorro".

Mas olha, posso dizer com convicção: quem pergunta isso é quem menos faz. Pois quem tem amor para se apiedar com a situação de um animal, faz muito mais por todos os outros seres vivos, se importa muito mais com outros e vê além do seu próprio umbigo. Quem faz alguma coisa pretende que não exista nem criança nem cachorro, nem cavalo e nem passarinho preso, passando fome, frio nem necessidades. Eu comparo? Talvez, pois para mim já não existe ser superior ou inferior neste mundo.

Sempre digo: se eu pudesse recolher as crianças que vejo na rua, eu faria, mas posso ser presa! Então, você aciona o órgão competente. Mas os animais vão para onde? Não existe hospital, creche nem abrigos do estado que lhe dêem uma segunda chance. Se você não o acolher, cuidar e doar, ele vai ou morrer na rua, ou ir para num centro de zoonoses, onde será sacrificado dias depois, sendo saudável ou não. Lembro da minha perplexidade ao visitar certos países da Europa, em outra feita. Não havia animais de rua, tampouco crianças! E a igualdade em certos aspectos era linda de se ver: animais em suas guias, absolutamente sem distinção de raças (acho que só vi SRD), em ônibus, metrôs, lojas, shoppings e restaurantes. Todos castrados, vacinados, limpos e sadios. O paraíso dos bichos, como chamei, e a inspiração do Reino Gato em nascer.

Optei em fazer este trabalho sozinha, sem um grupo, sem uma sede, fazendo aquilo que muitos fazem: o possível que está no nosso caminho. Mas foi assim que me vi não mais sozinha, mas com apoio e amizade de muitos outros iguais a mim, e outros grupos, e outros semelhantes, e aqueles que não podem "botar a mão na massa", mas que são o apoio, inclusive financeiro, dos que acabam por assumir tantas responsabilidades e custos.

E foi com as rifinhas e com a marca Reino Gato que as coisas começaram a fluir. Uma marca que começou pequenina, há pouco mais de 6 meses, com a intenção de arcar com parte das despesas dos casos que, literalmente, caem de "para-quedas" em nossa mão, e que já se mostra um case de sucesso, uma marca realmente entrando num mercado mais do que especial, um nicho que poucos vislumbraram. Aquilo que bolei para fazer entre estudos e preparação para entrada num mestrado, começou a tomar corpo e tempo em meu dia-a-dia, mas com muita graça e, estranho, vida própria.


É claro que tem suas dificuldades, e o tempo parece curto: ter idéias, criar moldes, desenhar, captar fornecedores, pagar, costurar, fazer à mão, atender os peludos, limpar, medicar, visitar os hospedados, tirar fotos, divulgar, bolar rifinhas, criar site, atualizar, responder a todos com carinho, tentar selecionar as ajudas à terceiros, coisa tão difícil, confeccionar prêmios, fazer entregas, aprimorar produtos, melhor a cada dia, segurar o choro quando um resgate não dá certo.

Ganhamos elogios, novos amigos, doações de objetos para rifas ou brechós, doação de remédios, de ração, que se não uso nos casos do "Reino", redistribuo a tantos outros casos, contatos de adoção, pedidos de ajuda para divulgar os bichinhos de outros que se depararam com algum caso e não puderam ignorar (que faço com maior prazer), mas também coisas do tipo "você pode vir resgatar um cachorro mal aqui na porta da minha casa?" ou "vou me mudar prum lugar pequeno e tenho uma gatinha que viveu comigo 8 anos, muito mansinha e linda, eu a amo muito, mas não poderei levá-la, se tu não puder pegar infelizmente vou ter que mandar pro CCZ ou sacrificar"...

Ossos do ofício. Nosso trabalho também abre oportunidade para oportunistas. Lembro sempre de uma frase que li: se você não pode resolver o problema, então é parte dele - ou algo assim...

São aqueles que o estereótipo inicial caem como uma luva, gente sem brilho, gente cansada do próprio corpo, gente que só senta a bunda no sofá para ver novela e se empanturra de gordura animal, gente ignorante por mais estudo que possa ter e completamente sem amor à vida, que não assumem nenhuma responsabilidade e ainda tentam transferir seus problemas para o nosso colo. É por isso que vemos alguns casos de "colecionadores", de ex-protetores que de alguma forma se desequilibraram emocionalmente, assumindo coisas que não poderiam ter feito.

Como se fôssemos super-humanos, com a obrigação de assumir todos os casos que aparecem. Mas normalmente já estamos sobrecarregados de casos e gastos, e todos, sim senhor, pagos com o dinheiro do próprio bolso. Por isso muitos se endividam, perdem seus bens, se privam de tudo e acabam sem recursos para cuidar de si e dos animais que acabam por sofrer um novo abandono e descuidos. De que adiantou?

Por isso, mesmo que tenhamos sofrimento no caminho, temos que cuidar de nós, levar uma vida sadia e divertida, ter nosso emocional sob controle, para podermos continuar a fazer algo por alguns, e conscientizar muitos.

Todos nós, protetores, voluntários e simpatizantes, amantes dos animais e adotantes, temos um trabalho a fazer, que não se resume ao braçal: ele é educativo, é falar com o vizinho, com os alunos, com os amigos, é explicar sobre adoção, sobre como divulgar, como tirar uma foto, como mandar um email, dar dicas de cuidados, alimentação, vacinas, explicar os benefícios da castração, para aquela cadela na senhora da casa ao lado, que já deu 5 crias com 6 filhotes em cada uma, que isso deve parar, que ela é responsável por uma enorme quantidade de animais abandonados pelo resto do ciclo reprodutivo de todos eles. Comentar como é fácil tentar mudar a vidinha de um animal que precisa, como é bom despertar a bondade dentro da gente.

Precisamos ser capazes de transmitir noções de responsabilidade e respeito às novas gerações. Começando por nossas atitudes. Pense nisso para o ano de 2009. Distribua suas palavras aos teus, tuas novas atitudes, teus novos desafios. Torne-se uma pessoa mais bonita, por dentro e por fora."


É isso aí, Thiane. Que 2009 seja um ano de luta, pois estamos aqui pra lutar por eles.

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